domingo, 18 de abril de 2010

Simplesmente Pagu, a "moscouzinha sanjoanense"

        
As restrições ao pleno exercício do voto feminino só foram eliminadas no Código Eleitoral de 1934. No entanto, o código não tornava obrigatório o voto feminino. Apenas o masculino. O voto feminino, sem restrições, só passou a ser obrigatório em 1946.

Sempre existiu o preconceito, a tribuna política, tradicionalmente vista como local de debates arraigados de valores patriarcais tem sido aos poucos, conquistado pelas mulheres.

Mas, uma sanjoanense contrariava os preconceitos daqueles tempos militante do ideal e uma das mulheres mais inteligentes e audaciosas do século XX, Patrícia Rehder Galvão, nascida em São João da Boa Vista, ou simplesmente Pagu como era também conhecida.

Pagu desafiava a todos os tradicionalistas que condenavam uma mulher participando da vida política. Seus talentos começaram aflorar cedo, praticamente aos 12 anos, época do grande marco cultural brasileiro.

Atuante na Semana de Arte Moderna do movimento modernista, que protestava contra o domínio cultural e artístico estrangeiro, principalmente europeu que se alastrava no Brasil.

Sem desistir da luta e de seus ideais, começou a viajar pelo mundo como correspondente dos jornais “Correio da Manhã”, “Diário de Notícias” e “A Noite”. Ao participar da organização de uma greve de estivadores em Santos Pagu é presa.
 
Em 1935 é presa em Paris como comunista estrangeira, com identidade falsa, e é repatriada para o Brasil .Pagu esteve no DPOS pelos anos 50, a delegacia já funcionava desde 1924.
 
O Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) foi o órgão do governo brasileiro criado durante o Estado Novo, cujo objetivo era controlar e reprimir movimentos políticos e sociais contrários ao regime no poder.
 
No livro “A Moscouzinha brasileira”, cenários e personagens do cotidiano operário de Santos (1930 - 1954), é retratado um conflito em Santos em 1931 que contou com a participação de Pagu e continha no enredo a morte de um ensacador do porto de Santos.

O dinamismo, sua dedicação a cultura, a defesa de seus ideais mostraram aos incrédulos machistas que a uma mulher poderia e pode participar da vida política.

E a partir de 1946, todas as mulheres de todos os estilos de vida e personalidade, sejam da Pagu, a “Moscouzinha” sanjoanense, até a pacata dona de casa, passaram a ter direitos eleitorais iguais aos homens.

2 comentários:

  1. Camaradas,

    Como comunista filiado ao Partido dos Trabalhadores, não creio em coincidências.

    O camarada Celso Jardim alertou em meu blog que havia postado o mesmo vídeo. Felicito a todos pela seriedade na pesquisa de algo que honre de modo sublime a biografia de Pagu.

    Fiquei quase meia hora procurando algo no youtube, de todo modo que após a edição, dediquei os créditos no meu post ao blog do Camarada.

    Sempre é um prazer caminhar junto do materialismo histórico, provando qe não há coincidências, mas visões de mundo, fatos e efeitos.

    Um forte abraço. Venceremos!

    Bráulio Wanderley
    www.historiavermelha.blogspot.com

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  2. SIMPLESMENTE PAGU

    Perseverante, audaciosa e determinada .
    Um olhar impetuoso de uma águia
    nasce uma verdadeira Sanjoanense.
    O sol lhe aquece! Fortalece-lhe! E hora?!

    Olha para o horizonte onde não vê limites.
    Uma ave com coração árduo de mulher
    voa livre, absolutamente desnuda para vida.
    Sua pele sente a velocidade do vento.

    Chega à frente do seu tempo e grita forte
    como se pudesse colorir seu mundo cinza.
    Traz em seus braços um buquê de sonhos;
    entre gostos e desgostos deleitam-se suas vontades

    Muitas vezes em uma gaiola, como um pássaro sobrevive
    Entre lagrimas e sorrisos. Ouve-se longe seu grito! Liberdade!
    Compara-se com a força de um homem, nada lhe amedronta. 01
    É torturada. Sem medo mostra sua história nua e crua.

    Seu lado poeta se revela para todos em delírios.
    Em seus sonhos não existem obstáculos.
    Arrebente as correntes dos grilhões da história!
    Mostra a cara sem medo e chora!

    Eliza Gregio

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